Multimídia - Artigos

Quinta-feira, 03 de março de 2022

Circular de março de 2022 de Dom Milton

Foto | Circular de março de 2022 de Dom Milton
Barretos, 03 de março de 2021
 
Circular 02/2022
 
Prezados (as) irmãos (ãs),
 
 
Tendo iniciado nossa caminhada quaresmal, com a celebração das Cinzas e, ao mesmo tempo, a Campanha da Fraternidade cujo tema neste ano é “Fraternidade e Educação”, quero, neste mês, escrever-lhes sobre a importância que tem para nós o tema da Educação.
 
Na cena da mulher adúltera levada pelos fariseus até Jesus para tentá-lo, Ele nos revela, pela sua atitude diante dela acusada de cometer flagrante adultério e condenada ao apedrejamento conforme a Lei judaica, não só uma correção, mas uma nova maneira de educar. Ele não polemiza, nem acirra os ânimos, não pensa no problema de modo isolado, mas procura escutar em silêncio, avalia a responsabilidade dos que acusam e da acusada, dialoga fazendo-os perceber os verdadeiros culpados, fazendo-os refletir sobre as fragilidades humanas, às quais todos estão sujeitos.
 
Educar, portanto, não é condicionamento ou adestramento, mas estimular, desenvolver e orientar as aptidões das pessoas no meio em que vive. É aperfeiçoar e desenvolver as faculdades físicas, intelectuais e morais; é preparar as pessoas para a vida.
 
A educação não se limita à transmissão de conhecimentos, nem pode ser compreendida como acúmulo de informação, mas capacidade de conduzir a própria vida com sabedoria e amor.
 
No episódio do encontro de Jesus com a adúltera vimos quão preponderante é a atitude de escutar. Escutar é mais do que ouvir. Escutar supõe proximidade, sem a qual não é possível um encontro verdadeiro. A escuta determina o nosso fazer, é a condição para falar com sabedoria e ensinar com amor.
 
Não se trata apenas de escutar os sons que nos interessam, mas com o ouvido e o coração buscar a inteireza da realidade com tudo o que ela pode trazer. E, a partir dessa escuta, perceber a vontade de Deus e os caminhos que podemos escolher.
 
A realidade desafiadora da pandemia da Covid-19 nos obriga a pensar numa perspectiva humanista da educação. É preciso educar para viver em comunhão. Educar para conceber a democracia como um estado de participação. Educar de forma integral, da mente e do espírito, com fé e amor, com respeito pelas diferenças e sensibilidade pela dor alheia.
 
No campo da educação nos damos conta de que, além dos pais e da família, uma aldeia inteira tem a capacidade de educar. Essa aldeia, em pleno século XXI, é formada por uma imensa rede social, com abrangência global que plasma um novo jeito de ser e de viver.
 
Na perspectiva da fé cristã, a educação deve conduzir a pessoa a desenvolver suas capacidades em vista do amor a Deus e ao próximo (Mt 22, 37-39), sem descuidar da promoção da vida e da dignidade humana, do cuidado com o meio ambiente, no horizonte da salvação. Quando se trata de educar uma pessoa é fundamental levar em conta a dignidade da pessoa humana, única e irrepetível; a sua realização sempre no estado de comunhão, abertura para o outro; a sua responsabilidade diante da Criação e a atenção constante que deve ter pelo bem comum e a preocupação pelo desenvolvimento integral da pessoa.
 
Considerando a educação como processo que visa desenvolver e orientar as aptidões das pessoas, aperfeiçoar e desenvolver as faculdades das pessoas, damo-nos conta da importância que cada família assuma a sua responsabilidade em educar as novas gerações através da transmissão de valores que perdurem por toda a vida.
 
Cada família é chamada a ser uma Igreja doméstica (LG 11), pois ela é o lugar do maior aprendizado que toca o profundo do nosso ser. O Papa Francisco diz que essa responsabilidade deve ser assumida e realizada “de modo consciente, entusiasta, razoável e apropriado” formando para os valores éticos, a maturidade afetiva, o consumo consciente, o enfrentamento de situações de risco.
 
O Texto-base da Campanha da Fraternidade aponta diversos horizontes para a educação: educar para a fé, para o diálogo e para o belo, o bom e verdadeiro (n. 192-216). Quanto à fé, o tema da CF nos obriga a refletir sobre a sua transmissão às novas gerações. Não se trata de uma realidade fácil, mas exigente; que exige de nós testemunho coerente com a fé que professamos. Quanto ao diálogo, as palavras do Papa Francisco na Constituição Apostólica Veritatis Gaudium são paradigmáticas: “o diálogo sem reservas: não como mera atitude tática, mas como a exigência intrínseca para fazer experiência comunitária da alegria da Verdade e aprofundar o seu significado e implicações praticas”.
 
O belo, o bom e verdadeiro são elementos fundamentais que caracterizam o valor ético das nossas escolhas e atitudes. A educação, portanto, não pode negligenciar a sua tarefa em fazer com que esses três fatores determinem as escolhas e condutas das pessoas, na realização da sua formação e missão, pois deles dependem a reta conduta e a sobrevivência da humanidade.
 
Entre as diversas propostas para o agir, a partir do tema da Campanha da Fraternidade 2022, quero destacar a iniciativa do Papa Francisco que nos convoca para unir forças em vista de um Pacto Educativo Global. Ele nos diz: “A educação será ineficaz e seus esforços estéreis se não se preocupar também por difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza” (LS n. 215).
 
O Texto-base também nos diz que precisamos educar para um novo humanismo; um humanismo solidário, capaz de construir uma Civilização do amor. E para isso é preciso promover a cultura do diálogo, globalizar a esperança, buscar uma verdadeira inclusão, criar redes de cooperação.
 
Cumpre a nós acolhermos o apelo da Campanha da Fraternidade deste ano e nos tornarmos agentes por uma educação integral, na busca de um novo modelo para o ser humano, a vida, a sociedade e ao cuidado com a natureza. Com a leitura do Texto-base encontraremos argumentos e pistas que poderão desencadear entre nós projetos que desencadeiem processos capazes de fazer com que a educação seja uma arte capaz de gerar homens novos, para um mundo novo.
 
Dom Milton Kenan Júnior
Bispo de Barretos
 
 
 
AGENDA EPISCOPAL - MARÇO 2022
 
 
07 – Santa Missa na Comunidade dos Padres de Jesus Sacerdote, às 11h
 
09 – Encontro on-line com coordenadores de pastoral das Dioceses do Regional Sul 1 com membros da Comissão Animação Bíblica da Pastoral, às 10h
 
10 – Reunião com Comissão Bíblico-Catequética da Diocese de Barretos, na residência episcopal, às 10h
 
11 -  Reunião com Conselho de Formação, na residência episcopal, às 10h
     - Santa Missa na Igreja Matriz de São Benedito, pelos 60 anos da criação da paróquia, às 19h30
15 -  Encontro com Padres Novos, na residência episcopal, às 9h30.
 
23 -  Reunião do Conselho Diocesano para Assuntos Econômicos, na Cúria Diocesana, às 14h30.
 
24 -  Sessão da Câmara Municipal em Miguelópolis, para Entrega de Título de Cidadão Miguelopolense ao Pe. Pedro
 
 
Por: Dom Milton Kenan Junior
Dom Milton Kenan Junior

Sobre o autor:

Dom Milton é o 6º bispo da Diocese de Barretos. E-mail: dommilton@diocesedebarretos.com.br
Veja mais artigos do autor >>>