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Quarta-feira, 03 de outubro de 2018

Religiosa relata experiência em Aldeia dos Índios Xavantes no Mato Grosso

Foto | Religiosa relata experiência em Aldeia dos Índios Xavantes no Mato Grosso
A irmã Maria Bernadete Meneghello, da Congregação das Irmãs Franciscanas da Penitência, que vivem em Barretos e atuam no Educandário Sagrados Corações, viveu uma experiência incrível entre os de 24 a 29 de setembro, na Prelazia São Félix do Araguaia, que fica no norte do Mato Grosso, com divisa com o Pará e o Tocantins, em especial na Aldeia dos Índios Xavantes.
 
 
A religiosa contou que a prelazia é muito pobre, só existem estradas de terra e ruins. A região está muito longe do que se conhece de progresso. Não é possível falar ao telefone e a luz elétrica tem hora para ser desligada. Lá atuam 23 padres, nenhum natural da região, com a ajuda de poucas congregações religiosas. Um dos padres é natural de Barretos, o padre André Pereira, da Paróquia Bom Jesus.
 
Na Aldeia dos Xavantes, três religiosas desenvolvem um trabalho pastoral sendo ponte entre os indígenas e o homem branco. Na aldeia há uma igreja construída e lá são rezadas missas para aqueles que se converteram ao catolicismo.
 
 Irma Lucilene, irmã Daniela e irmã Fátima
 
As irmãs Fátima, Daniela e Lucilene moram em Planalto do Araguaia, cerca de 30 km da aldeia mais próxima, há 8 meses atendendo aos indígenas e pessoal dos assentamentos e fazendeiros que também vivem na região. As três vivem numa Comunidade Inter Congregacional, ou seja, são de congregações diferentes que formam uma comunidade com o objetivo de viverem aquilo que foi pedido pelo Papa Francisco a todos os católicos: Ser uma Igreja em saída. A irmã Fátima é Congregação Franciscanas Filhas da Divina Providência, a irmã Lucilene é das Irmãs do Sagrado Coração de Maria, e a irmã Daniela é das Irmãs Franciscanas da Penitência, a mesma da irmã Bernadete.
 
Irmã Bernadete relatou que conheceu cinco aldeias, sendo uma principal que é maior que as outras quatro que ficam em volta. “No total, são aproximadamente 1.200 indígenas que vivem na tribo Xavantes. Mais ou menos entre as décadas de 1960 e 1970, esses indígenas que vivem aqui foram expulsos de suas terras porque o governo as vendeu para fazendeiros, e até mesmo para estrangeiros. E quem comprou não sabia que eram terras indígenas. O governo, então, vinha com aviões da FAB e lotava esses aviões com índios e os levavam para outros locais. Ou seja, foram expulsos de suas terras! Cerca de 8 anos atrás, eles conseguiram voltar para essas terras com a ajuda de um deputado indígena que lutou muito para a demarcação das terras, para que as terras fossem devolvidas a esses. É uma região muito devastada, quase não há árvores, já que foram derrubadas para a criação de gado ou plantação de soja. É uma região de cerrado e muitos anos serão necessários para reflorestar essa região”, contou.
 
 
 
A religiosa falou que quando pensamos em reserva indígena a gente acha que há muitas arvores e água em abundância, mas no local faltam árvores e há pouca água, os índios têm que andar longe para buscar água potável. Vivem da caça e recursos de entidades para conseguirem se manter. “Mas a vida desses indígenas é muito precária”, ressaltou.
 
“A presença das irmãs é importante para dar apoio a esses indígenas e tentarem entender a cultura deles para levar um pouco de esperança. Elas ensinam medicina alternativa, crochê e produção de sabão, bem como auxiliam no trabalho da Pastoral da Criança, já que muitas crianças estão desnutridas”, falou.
 
 
 
Segundo irmã Bernadete, na aldeia tudo tem que ser partilhado, nada “é meu, até as irmãs têm que partilhar tudo”.
 
“A gente deve caminhar ruma a uma cultura de paz e de união apesar das diferenças, crescendo e partilhando as riquezas que existem nessas diferenças”, finalizou.
 
Irmã Bernadete em frente à capela na aldeia
 
Interior da capela
 
 
 
Fotos: Divulgação
 

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