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Meus irmãos padres, desde que viralizou meu texto sobre a morte do padre Geraldo, diariamente recebo e-mails de padres não só parabenizando pelo que escrevi (que no momento é o que menos importa), mas padres desabafando sua solidão, seu isolamento, a indiferença com que são tratados seja pelos seus bispos, como também pelos seus irmãos de presbitério. Creio que o meu texto reflete o que muitos padres vivem na pele, e esperavam que uma voz se pronunciasse a este respeito!

 

Esta realidade exige da Igreja uma mudança urgente: começarmos a pensar nas pessoas e não somente na instituição. Não são poucos que lamentam a atitude dos bispos que se mantém muitas vezes numa posição de superioridade. Os bispos, a começar de mim, diante desta realidade precisamos de fazer um “mea culpa”, e reconhecer que somos os primeiros que devemos tomar a iniciativa para ajudar os padres em “crise”.

 

Creio que a grande maioria dos irmãos bispos faz o possível, mas agora penso que é preciso um pouco do impossível com a graça de Deus. É preciso também que a pastoral presbiteral dê prioridade aos padres em depressão, aos isolados, aqueles que se encontram afastados, aos doentes e idosos.

 

Escrevo lhes agora devido ao grande número de padres que entram em contato comigo pedindo “socorro”. Não podemos permitir que mais ninguém se mate. Precisamos colocar no centro do nosso presbitério os feridos; que eles encontrem alguém que lhes estenda a mão para ajuda-los! E isso em nome de Jesus, que veio não para os sãos, mas para os doentes. Vamos recomeçar de Cristo o Bom Samaritano, que não desviou o caminho quando encontrou a humanidade ferida, mas debruçou-se sobre ela e cuidou das suas feridas. Obrigado pela atenção!

 

 

Barretos, 10 de fevereiro de 2022.

 

 

Dom Milton Kenan Júnior

Bispo de Barretos