circular e agenda

Dom Milton Kenan Júnior

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Dom Milton Kenan Jr.

Circular e Agenda do Bispo – Maio de 2025

Prezados irmãos e irmãs,

Na manhã da segunda-feira da Oitava da Páscoa, no dia 21 de abril passado, nosso querido Papa Francisco, após um período de internações e cuidados médicos, retornou para a Casa do Pai. Foi uma surpresa para todos nós que o acompanhávamos também neste período de sua vida, e víamos que, apesar das limitações impostas pela doença, ele parecia recuperar-se e não perdia a oportunidade de encontrar-se com os fiéis e peregrinos que se concentravam na Praça de São Pedro para as diversas celebrações jubilares, da Semana Santa e da Páscoa.

Durante doze anos de pontificado, ele realizou grandes mudanças na vida da Igreja, mais por seus gestos do que por suas palavras. Como esquecer sua decisão de residir na Casa Santa Marta, ao invés do Palácio Apostólico? Como não nos lembrar da sua cordialidade com todos — desde os funcionários do Vaticano até os chefes de Estado? Ficará para sempre em nossa memória aquela tarde do dia 27 de março de 2021, no auge da pandemia da COVID-19, quando, na Praça de São Pedro vazia, ele rezou pela humanidade e, em suas palavras, chamou todos à solidariedade.

Tive a oportunidade de encontrá-lo algumas vezes, como na Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro (2013) e, depois, em algumas audiências gerais na Praça de São Pedro e na visita ad limina Apostolorum, em setembro de 2022, no Vaticano. Em todas essas ocasiões, encontrei-me com alguém de fácil acesso, que primava pela simplicidade e, ao mesmo tempo, pela acolhida fraterna e alegre.

Quando penso no Papa Francisco, considero três aspectos que não podemos ignorar se quisermos compreender o alcance de seu pontificado. Em primeiro lugar, o fato de ser latino-americano. Embora de família de migrantes italianos, Francisco viveu as tensões e, ao mesmo tempo, as luzes da Igreja na América Latina. Como Arcebispo de Buenos Aires (Argentina), destacou-se na Conferência do CELAM em Aparecida como redator do documento final, que traçou o caminho para a Igreja latino-americana, cujo tema foi: “Discípulos e Missionários de Jesus Cristo, para que nele todos os povos tenham vida”.

Neste documento da Igreja latino-americana, encontramos, de certa forma, traçado o caminho que o Papa Francisco desejaria para toda a Igreja: uma Igreja discípula, missionária e comprometida com a vida para todos.

Outro aspecto que me chamou a atenção em Francisco foi o fato de ele ser jesuíta. Os jesuítas são membros da Companhia de Jesus, ordem religiosa fundada por Santo Inácio de Loyola, no século XVI. Distinguem-se pela primazia da ação, alimentada sempre por uma vida de oração intensa, caracterizada pela escuta da Palavra de Deus e pelo discernimento dos espíritos.

Para os jesuítas, o livrinho dos Exercícios Espirituais de Santo Inácio é o manual indispensável para discernir a vontade de Deus e distinguir as inspirações do Espírito. Alguém me disse há anos que o Papa Francisco estava aplicando os Exercícios à Igreja quando falava do perigo do “mundanismo espiritual”, da tentação da Igreja de “autoreferencialidade”, da necessidade de “conversão pastoral”. Sua afirmação: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (Evangelii Gaudium, n. 49), ficou célebre.

Nestes últimos anos, Francisco insistiu para que se desencadeasse na Igreja a sinodalidade — o caminhar junto —, onde cada fiel é importante e todos devem ter o direito de expressar suas convicções e participar das decisões eclesiais. Entre as premissas para que a Igreja seja sinodal, Francisco apontou a escuta, o diálogo e o discernimento, elementos característicos da espiritualidade da Companhia de Jesus.

Por fim, o Papa Francisco não era um intelectual nos moldes convencionais, mas um pastor “com cheiro de ovelhas”. Desde Buenos Aires, Francisco se distinguia pela proximidade com seu povo. Não foi diferente como Bispo de Roma. Um pastor preocupado com a parte do rebanho mais frágil e indefesa. Em suas viagens apostólicas, dirigiu-se, em primeiro lugar, às periferias do mundo — a muitos países onde os cristãos são minoria ou enfrentam perseguições apenas por professarem sua fé.

Tornou-se voz dos milhares de migrantes que, obrigados a deixar sua pátria por causa da fome, das doenças e das perseguições, enfrentam travessias — não poucas vezes fatais — para sobreviver e garantir a sobrevivência de suas famílias.

Mas, também como pastor comprometido com seu rebanho, fez ecoar por toda parte seu clamor pela paz. Ele falava da “terceira guerra mundial em pedaços” que se alastrava em diversas partes do mundo. Não se omitiu em denunciar a atrocidade da guerra que atingiu a querida Ucrânia, Israel, Palestina, Mianmar e Sudão. Mas não foram somente palavras — foram também gestos, como a ajuda humanitária enviada aos ucranianos e o contato que manteve regularmente com o pároco da Paróquia da Sagrada Família, em Gaza.

O Papa Francisco marcou nossas vidas e nos deixou um legado que agora cabe a nós levar adiante.

Nestes dias, acompanhamos a preparação para o conclave, onde os 135 cardeais eleitores haverão de escolher quem deverá suceder o Papa Francisco como Sucessor de São Pedro.

Há muitas especulações sobre o “futuro Papa”, mas tudo isso é próprio de uma mídia que precisa de notícias para atrair a atenção das pessoas. Evidentemente, como nos conclaves anteriores, a escolha não é fácil; mas estejamos certos de que o Espírito Santo conduz a Igreja. Ele haverá de levar à escolha daquele que assumirá o legado do Papa Francisco e conduzirá a Igreja com sabedoria em nosso tempo.

Rezemos, portanto, pelo conclave que elegerá o sucessor de São Pedro, que tem a missão de confirmar os irmãos na fé. Aguardemos cheios de esperança, pois Deus jamais abandona sua Igreja.

Dom Milton Kenan Júnior

Bispo de Barretos

AGENDA EPISCOPAL

03 – Santa Missa com Crismas na Igreja Matriz do Senhor Bom Jesus em Guaraci, às 19h.

04 – Santa Missa no Encerramento do TLC, na Paróquia S. João Batista, em Olímpia, às 16h.

06 – Reunião do Conselho de Presbíteros, na Residência Episcopal, às 9h.

10 – Santa Missa com crismas na Igreja Matriz de S. João Batista, em Olímpia, às 19h.

13 – Procissão e Missa na Capela N. Sra. De Fátima, em Barretos, às 19h.

14 – Reunião do Conselho Diocesano para Assuntos Econômicos, na Cúria Diocesana, em Barretos, às 9h.

15 – Reunião do Clero das Regiões Pastorais Guaíra e Colina, na Residência Episcopal, às 10h.

20 – Reunião do Secretariado de Pastoral, na Cúria Diocesana, às 9h.

22 – Reunão do clero da Região Pastoral de Olímpia, na Residência Episcopal às 10h.

         Procissão e Missa com benção da pedra fundamental da Capela S. Rita, da Paróquia Bom Jesus, em Barretos, às 19n30.

24 – Visita Pastoral à Paróquia São Luiz Gonzaga, em Barretos

25 – Jubileu das Crianças, na Matriz de s. Miguel Arcanjo, em Miguelópolis

26 a 28 – Romaria do clero ao Santuário Nacional de Aparecida

29 – Reunião do clero da Região Pastoral de Barretos, na Residência Episcopal Barretos, na Residência Episcopal, às 10h.

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