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Quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Circular de Setembro de 2022 de Dom Milton

Foto | Circular de Setembro de 2022 de Dom Milton
Barretos, 15 de setembro de 2022
 
 
Circular 09/2022
 
Prezados (as) irmãos e irmãs,
 
A celebração jubilar dos 50 anos da nossa Diocese é um momento especial para tratarmos dos desafios e ao mesmo tempo das expectativas para a vida da nossa Igreja Particular.
 
Ela foi criada pelo Papa São Paulo VI num momento de grande efervescência pastoral na América Latina. A Igreja estava vivendo um tempo de mudanças muito importantes que surgiram do Concílio Vaticano II. Logo a seguir ao Concílio, os bispos latino-americanos, ávidos de implementar as resoluções conciliares, reuniram-se em Medellín, na Colômbia, para a 2ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano em 1968.
 
Havia nesta época um grande interesse para tornar realidade o que se afirmou no início da Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”: “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo e nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco em seu coração” (GS 1).
 
Ao mesmo tempo, a Igreja do Brasil, como em outros países latino-americanos, sofria com os regimes ditatoriais que limitavam a liberdade de expressão. Neste período o mundo vivia sob a “guerra fria” e o Brasil um tempo de censura à imprensa, intervenções nas universidades, grandes números de desaparecidos acusados de “crimes políticos”; embora se falasse de um tempo de desenvolvimento social.
 
Um tempo de grandes homens e mulheres da Igreja que se destacaram na defesa dos direitos humanos e da dignidade de toda pessoa humana, resistindo ao medo que pairava em toda parte, fruto de ameaças e censuras.
 
Nosso primeiro bispo, Dom José de Matos Pereira, vinha da Arquidiocese de São Paulo. Missionário Claretiano, ocupou a função de Provincial da Congregação, atuou no campo da formação dos religiosos e, depois na Arquidiocese de São Paulo, foi Vigário Forâneo, com uma grande empatia pelos colegas padres, a ponto de ser indicado e nomeado bispo para a então criada Diocese de Barretos. Tinha como lema episcopal: “Caritas Christi urget nos” (“O amor de Cristo nos impele” (2Cor 5,14).
 
Os que conviveram com ele afirmam ser um bispo à frente do seu tempo. Lembro-me das vezes que passava por minha cidade natal (Taiúva), onde deixava sua mãe com minha avó, para participar das assembleias da CNBB, e numa vez lembro-me que foi a Medellín para um encontro com bispos latino-americanos. Enfim, era um bispo com o grande sonho de realizar em nossa Diocese as orientações do Concílio Vaticano II.
 
Os tempos mudaram, mas não podemos nos esquecer das raízes da nossa Igreja. Ela é uma Igreja pós-conciliar, ou seja, ela nasce num terreno fecundado pelo Concílio Vaticano II. São João Paulo II não hesitava em dizer que o Concílio provocou uma nova primavera na Igreja. Negar ou rejeitar o Concílio Vaticano II é desprezar a ação do Espírito Santo que se manifesta no colégio dos bispos quando estão unidos ao Sucessor de Pedro e se pronunciam colegialmente.
 
Nossa Diocese foi criada por São Paulo VI, com a Bula “Adsiduum Studium” (Estudo Assíduo), que se destacou na Igreja por vários documentos importantes como as encíclicas “Ecclesiam Suam” (A sua Igreja), “Humanae Vitae” (A vida humana), a Exortação Apostólica “Evangelium Nuntiandi” (O anúncio do Evangelho). Mas também por gestos proféticos como as visitas apostólicas que fez fora da Itália, o encontro com o líder máximo da Igreja Ortodoxa Atenágoras I, Patriarca de Constantinopla, cujas relações com a Igreja Católica estavam interrompidas desde 1058.
 
O Papa São Paulo VI foi quem assumiu, com a morte do Papa João XXIII a missão de dar continuidade ao desejo do seu antecessor, e foi graças a ele que o Concílio abriu as portas da Igreja para acolher um ar renovado pelo Espírito Santo.
 
Num período de grande turbulência gerada pela dificuldade da Igreja em adaptar-se aos novos paradigmas propostos pelo Concílio, São Paulo VI conduziu-a para os caminhos novos da evangelização, indicando os meios e recordando que o diálogo e a missão evangelizadora deviam ser os eixos da ação pós-conciliar.
 
Que iluminados por tão grandes exemplos prossigamos nossa caminhada jubilar, atentos ao Espírito Santo que nos chama à sinodalidade e à missão.
 
Dom Milton Kenan Júnior
Bispo diocesano de Barretos
 
 
AGENDA EPISCOPAL - SETEMBRO 2022
 
 
02 – Santa Missa com Crismas no Santuário Diocesano de Nossa Senhora do Rosário, em Barretos, às 19h30
 
04 – Santa Missa pelos 40 anos de criação da Paróquia Santa Ana e São Joaquim, na Igreja Matriz de S. Ana e S. Joaquim, às 19h
 
05 a 08 – Retiro do Clero de Barretos, no Seminário Santo Antônio, em S. Pedro
 
09 – Reunião das Coordenações da Pastoral Familiar, na Matriz de S. Luís Gonzaga, em Barretos, às 20h
 
11 - Santa Missa na Capela de Santa Cruz, no Bairro Rural de Três Barras, às 10h
 
13 - Reunião do Setor Família, na Residência Episcopal, em Barretos, às 20h
 
16 - Reunião Geral do Clero, na Casa de Encontros Dom Antonio M. Mucciolo, na Cidade de Maria, às 8h30
       - Encerramento da fase diocesana da causa de beatificação do Servo de Deus Pe. André Bortolameotti, na Casa de Encontros Dom Antônio M. Mucciolo, na Cidade de Maria, às 10h
 
17 - Encontro da Pastoral da Saúde Sub-Regional RP 2, no Hospital do Amor, das 8h30 às 13h
 
18 - Encontro da Comissão Bíblico Catequética do Sub-Regional RP 2, no auditório do Santuário Diocesano N. Senhora do Rosário, às 9h.
 
19 a 22 – Retiro Espiritual para o clero de Piracicaba, em itaici
 
23 a 30 – Visita Ad Limina Apostolorum (Roma)
 
Por: Dom Milton Kenan Junior
Dom Milton Kenan Junior

Sobre o autor:

Dom Milton é o 6º bispo da Diocese de Barretos. E-mail: dommilton@diocesedebarretos.com.br
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